Paradise Lost – Do Pior ao Melhor Álbum

O Paradise Lost tem uma elasticidade musical capaz de percorrer campos sonoros diferentes e ainda assim ser totalmente coerente e condizente com sua essência, poucas bandas podem navegar por tantos subgêneros e dizer isso, algo, inclusive, que os torna uma das bandas mais complexas para se absorver e analisar, sem sombra de dúvida.

A Discografia:

O que os torna tão complexos é justamente o fato de cada álbum ser diferente e pertencer a um todo e um contexto, mesmo sendo divergente em sonoridade e estilo do seu predecessor e antecessor em alguma das vezes.

Dito isso, a discografia é completa e sem álbuns ruins, talvez pouco inspirado em uns ou com experimentações pouco bem sucedidas, mas nenhum chegou a ser classificado como ruim.

Categorizar alguma banda já não é algo simples por si só, mas com o Paradise Lost seria algo em torno malabarismo com os pés de olhos vendados, inicialmente a banda vem com uma espécie de doom death- metal, para a sua característica predominante que é o gotic metal, depois para um gothic rock, um post grunge gotico, gotic doom e Stoned metal com nuances goticas já nos lançamentos mais recentes.

(Ouça enquanto leia: True Belief, Enchantment e Another Day)

16 – Medusa (2017)

Seleção: Shrines.

O último lugar, vai para o álbum que sonoramente está mais isolado que outros mais polêmicos da banda, pois acredito ser este álbum um antisom da banda. Curiosamente a banda encontra ainda um outro subgênero pra experimentar no seu inventário de estilos, Stoned Metal, com distorções sujas e uma abordagem doom metal; Um timbre e distorção que engole totalmente a sonoridade da banda, não que isso seja necessariamente ruim, porém apresenta uma anti Paradise Lost, pois o que lhes é visto como marca registrada são apensas rabisquinhos diante da bela distorção stoned que neste caso não foi tão bem alicerçada ao som característico da banda. Tanto é que o uso deste som não foi reproduzido no álbum seguinte, arrependimento?

15 – Lost Paradise (1990)

Seleção: Paradise Lost.

O primeirão, um álbum pesado , que passeia entre o death metal e o doom metal, muito bom para estes dois subgêneros mas que representa uma parcela do som da banda. É como se fosse a ponta extrema de sua sonoridade, no geral é um álbum isolado da banda, mais do que outros tão controversos.

14 – Host (1999)

Seleção: Made the Same e Host.

O álbum mais controverso do Paradise Lost, se Lost Paradise é uma ponta da sonoridade deles, Host é a outra ponta oposta, Sombrio-melódico, contudo absolutamente pop, fechando esse ciclo onde eles exploram seus limites até os extremos de sua musicalidade.

Chamado como o Depeche Mode album, escutando esse disco fora de contexto mais parece que é de outra banda, mas ainda assim muito condizente com o que estavam  apresentando, de certa forma era uma abordagem esperada diante dos lançamentos anteriores, até gosto do álbum de certa forma, mas é inegável o quanto ele se isola na discografia.

13- Faith Divides Us – Death Unites Us (2009) 

Seleção: Living with Scars.

É uma continuação da proposta de In Requiem com uma diminuição da energia gótica, porém com nenhuma faixa realmente criativa e forte, e as melhores lembram  a época de ouro do Paradise, entretanto sem a força original de Shades of God e sem áurea sombria e pesada de Icon e Draconian Times.

12 – The Plague Within (2015)

Seleção: Punishment Through Time.

Não é um mal álbum no geral, depois do lançamento anterior que remetia, de forma bem sucedida aos melhores moldes do Paradise Lost, The Plague Within tenta talvez remeter ao icônico Gothic, com uma sonoridade mais doom metal e Nick Holmes investindo em vocais mais guturais, porém faltou a genialidade e inspiração no seu reflexo clássico. Ainda assim bom álbum.

11 – Obsidian (2020)

Seleção: The Devil Embraced.

O atual lançamento do Paradise Lost é uma grata surpresa, além de uma sonoridade gotic rock homenageando de certa forma, seus mentores Sisters of Mercy, carrega a sua assinatura sonora tentando incorporar o som de sua fase áurea com elementos na voz que lembram o icônico Gothic.

A junção de todos esses elementos é uma ótima notícia, mostrando que a banda ainda pode fornecer material que além de unir os diversos polos da banda, ainda inovam dentro de sua própria sonoridade.

10 – Shades of God (1992)

Seleção: As i Die.

Um excepcional álbum pesado e competentemente criativo de metal, uma profundidade em suas melodias e já com a voz limpa do vocalista o que acaba sendo mais envolvente, talvez seja o melhor dentre os mais pesados da banda, carece da melancolia lírica e permanente da banda o que o faz um pouco menos Paradise Lost pro meu gosto. As I Die por outro lado é uma das melhores faixas da banda.

9 – In Requiem (2007)

Seleção: Never for the Damned.

Um álbum que lembra em muito os melhores do banda, isso sem o poder e criatividade desses, é um bom álbum, contudo é a melhor posição para este álbum, apesar de Never for the Damned ser aquela amostra bem feita e nostálgica da era de ouro do Paradise Lost.

8 – Paradise Lost (2005)

Seleção: Redshift, Shine e Spirit.

É o último da trinca post-grunge gotic da banda, um bom álbum apesar de um pouco apagado ás vezes carrega boas faixas e tem muito do Paradise Lost. Para quem escutou a banda a partir do One Second em diante é um ótimo álbum, mas considerando o restante de sua galeria essa é a melhor posição possível.

7 – Symbol of Life (2002)

Seleção: No Celebration, Primal, Pray Nightfall e Self Obsessed. 

Symbol of Life foi um álbum do Paradise lost que teve inclusões eletrônicas como na faixa de abertura, causando estranheza e dando aquele susto sobre a banda ter desandado em contra partida também ainda traz a essência da banda e faixas excelentes para a coletânea.

6 – Believe in Nothing (2001)

Seleção:I Am Nothing, Mouth, Fader, World Pretending e Something Real.

O primeiro da trinca pós grunge, com nuances góticas bem encaixadas, composições simples, um metal mais suavizado e leve que caiu bem à sonoridade natural da banda. Refrãos pegajosos uma objetividade melódica. rendeu algumas excelentes faixas como as duas que abrem o álbum Believe in Nothing e Mouth, por exemplo.

5 – Tragic Idol (2012)

Seleção: Solitary One, Fear of Impending Hell, Honesty in Death e The Glorious End.

Uma continuação gloriosa do revival da sonoridade dos grandes clássicos, Tragic Idol traz o que há de bom da fase áurea da banda só que com mais peso, algo que tentaram nos dois últimos álbuns sem a áurea sombria – gótica, o que Tragic Idol corrigiu e muito bem, colocando numa medida certa as nuances melódicas e góticas, ainda abordando o toque doom metal muito em encaixado, por sinal, atingindo o cerne da banda em cheio lucrando faixas sensacionais ao arsenal do Paradise Lost.

4 – Gothic (1991)

Seleção: Gothic, Angel Tears, Eternal, The Painless e Shattered.

O álbum que chamam o precursor do subgênero gotic metal no mundo, ele realmente carrega linhas melódicas que transmitem essa áurea gotica ainda com o peso massacrante da banda, essa união fica muito bem entrelaçada, estruturalmente pesado e adornado melodicamente. Com a ressalva de que não acho que o gutural entra tão bem aqui, apesar de ser um álbum esplêndido, facilmente pode ser eleito o melhor para muitas pessoas.

3 – One Second (1997)

Seleção: Blood of Another, Disappear, Sane, Lydia e Another Day.

O álbum mais sombrio da banda, a uma incorporação pop com sintetizadores e uma baixa na distorção das guitarras e o peso da percussão, fora a agressividade deu lugar a uma abordagem mais melancólica, a banda encontra aqui o ponto mais sombrio e misterioso. A sonoridade lembra um pouco a segunda fase do Sister of mercy, está mais pra Gotic Rock como Say Just Words e Soul Corageous, porém há momentos mais inspirados e vibrantes que encaixam bem com a coleção como Another Day.

2 – Icon (1993)

Seleção: Joys of the Emptiness, Weeping Words, True Belief, Shallow Seasons e Christendom.

O mais melódico dentre os pesados da discografia, composições primorosas, é um luxo absurdo cada faixa um banquete de peso e melodias.

Neste poderoso disco, o Paradise Lost encontra sua fórmula perfeita para o som que marcaria sua carreira inteira e uma verdadeira aula de estilo e inovação, o gotic metal e sua mais perfeita amostra com a autêntica assinatura Paradise Lost.

1 – Draconian Times (1995)

Seleção: Enchantment, Hallowed Land, Forever Failure, Elusive Cure e Hands of Reason.

O mais pesado dentre os melódicos da banda, Draconian Times e Icon são irmãos gêmeos que tem essa particularidade acima que os difere. Dito isso: composições e harmonias sensacionais, é um álbum inesquecível, profundo sólido, a atração pelas composições deste disco chega a ser magnética. A Obra prima da banda e um clássico absoluto do gotic metal.

13 comentários em “Paradise Lost – Do Pior ao Melhor Álbum”

  1. CARAAAAAAAAAAAAAACA, meu velho!
    És um homem de coragem, uma discografia não só grande como complexa.
    Eu não lembro mais dos primeiros álbuns.
    Lembro de estar num Monster no início dos anos 90 e achar muito ruim o show de uma banda. O Abelha, vocalista do Ancestor, Primal Rage, Monstrath, Ortodoxa, Stonemilk, etc etc, que me falou “cara, isso é doom… é a proposta dos caras”.
    Depois, lá por 2010 eu chapei no FAITH DIVIDE US, mas nunca ouvi nem metade da discografica com calma.
    Eis um trabalho de coragem e disposição.

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  2. Eis um duelo ao por do sol!
    Don Wellington, seu bandido, como ousa falar mal do MEDUSA????
    Levo a mão lentamente até o coldre quando leio, de soslaio: “Dito isso, a discografia é completa e sem álbuns ruins”
    AAAAAAAAAH BOOOOOOOOM
    Suave, meu velho, agora sim, melhorou!
    Mas…
    MEDUSA ficou em último?
    E, estranho, o Primeiro Álbum veio logo em seguida…
    Aí me toco que nunca ouvi a discografia inteira do Paradise.
    Eu tinha esse projeto em mente, mas nunca consegui colocar em prática.
    Hoje consegui ouvir umas 5 músicas do MEDUSA para relembrar do que estamos falando e tenho que dizer que FEARLESS SKY é muito foda.
    A sonoridade desse álbum me captura muito. Uma coisa que me chama a atenção são as guitarras, que formam uma massa sonora, como que um fundo para a voz. E tem uma guitarra que fica buzinando no seu ouvido, quase que incomodando. Parece um inseto gigante que vem e que vai, resvalando no desagradável. Não sei se é isso que você quis dizer quando escreveu “Um timbre e distorção que engole totalmente a sonoridade da banda”.
    De qualquer maneira, BLOOD AND CHAOS tem essa guitarra que emerge de tempos em tempos, costurando uma espécie de releitura de alguma sonoridade dos anos 80 (será Sisters of Mercy? Será Depeche Mode?) numa faixa que me marca muito.
    Eu queria ouvir um Álbum inteiro umas três vezes no mínimo, antes de comentar algo com mais profundidade, mas é o que consigo dizer agora.
    Paradise é muito complexo.

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  3. Meu velho, não consigo tempo nem para ouvir MEDUSA inteiro, mas tenho que dizer que amo essas camadas de guitarras confusas de LONGEST WINTER. Acho que o álbum abre topzera com uma trilha sonora de final de apocalipse em FEARLESS SKY que pra mim tem alguma conexão com a MEDUSA. Aliás MEDUSA tem um contraponto entre a voz e a guitarra que é sensacional. Aliás, a guitarra distorcida que vem e que vai cria vários pequenos solos que não tem mais que 4 compassos (quando isolados) e 16 compassos (quando formam harmonia com a voz). E ainda tem um solo mesmo, na mudança de andamento, quando um piano faz a seção rítmica antes de uma explosão de cores.
    NO PASSAGE FOR THE DEAD abre com duas guitarras sobrepostas em andamentos diferentes, a voz segue a guitarra inicial e segunda guitarra vem e vai, já disse que me parece um inseto voando ao redor da minha cabeça (e funciona como um solo de 4 compassos). Pra mim UNTILL THE GRAVE tem a bateria mais destacada e o encerramento com SIMBOLIC VIRTUE usa e abusa dos breakdowns (junto com BLOOD AND CHAOS são as músicas que me “ficam na cabeça”).
    Depressivo, hipnótico, massivo, eu listo um monte de adjetivos que pessoalmente me agradam. Eu curto demais esse álbum.

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  4. Eu tenho, dos tempo do CD, FAITH DIVIDES US, MEDUSA, TRAGIC IDOL que me lembro bem. E se me lembro bem também, comprei nessa ordem. Como eu já disse, lá pelo início dos anos 90, ouvi os caras ao vivo sem nunca ter ouvido (no tempo em que os grandes shows não tinham um som compatível) e lembro bem de ter detestado do DOOM METAL. Na época, achei sem noção. Quando o Adriano da Rock Combate me sugeriu comprar o FAITH DIVIDES US, eu não acreditei e curti demais. Daí pra frente não lembro bem como eu fui ouvindo, mas fiquei muito fã. Comprei dele mesmo o LOST PARADISE, que é um que eu nunca ouvi direito. Até aí me ficou muito claro que o PARADISE LOST é uma banda de longa caminhada e momentos diversos. Estou tentando ouvir a discografia inteira para tentar entender seu ponto de vista.

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